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Alcácer do Sal

O povoado pré-romano localiza-se na colina do Castelo de Alcácer do Sal, distrito de Setubal. Na área mais aplanada da elevação onde se implantou o Castelo medieval de Alcácer do Sal, foram encontrados vestígios arqueológicos que indicam que a ocupação humana do sítio, remontando ao Neolítico final, foi também intensa durante a Idade do Ferro.
O povoado ocupa uma posição elevada em relação ao rio Sado (cerca de 60 metros de altitude), num sítio com grande defensabilidade e controle sobre o rio e toda a área envolvente.
Não existem datações de 14C para o Castelo de Alcácer do Sal. Contudo, a análise morfológica dos materiais recolhidos permite saber que a ocupação da colina se iniciou durante o Bronze final. É também a tipologia do espólio recuperado durante as escavações que autoriza que a Idade do Ferro se iniciou na segunda metade do século VII a.C.
Desde o final da década de 70 que trabalhos arqueológicos têm vindo a ter lugar no Castelo de Alcácer do Sal, o que se traduz numa já considerável área intervencionada. Infelizmente, os dados que resultaram desses trabalhos raramente foram publicados.

Os trabalhos de 1979-1981, promovidos pelo Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal, parecem ter sido consequência directa das destruições provocadas, em 1976, pela instalação no local de um depósito de água. Esta obra da Câmara Municipal viria a trazer à superfície um considerável volume de terras, cuja crivagem, conduzida por João Rosa Viegas, deixou perceber a importância e o carácter orientalizante da ocupação sidérica do que viria a ser Imperatoria Salacia. As escavações então efectuadas, de que se publicou a primeira das três campanhas (Silva et al. 1980-81), revelaram uma potente estratigrafia que, com 6 metros de espessura de terra.

Em 1982, o Castelo de Alcácer do Sal volta a ser alvo de uma intervenção arqueológica, agora da responsabilidade de António Cavaleiro Paixão.

Já durante a década de 90, novos trabalhos de campo decorreram no Castelo de Alcácer do Sal. Estes, dirigidos por João Carlos Faria e António Cavaleiro Paixão, foram determinados pelas obras promovidas pela Secretaria de Estado do Comércio e Turismo. Dos resultados destes trabalhos, ao nível da ocupação sidérica de Alcácer do Sal, nada se conhece ainda, tendo sido privilegiada a divulgação dos dados referentes à ocupação romana.
Ainda que Imperatoria Salacia seja referida por vários autores clássicos, o topónimo pré-romano Bevipo é apenas conhecido através da leitura da legenda das moedas cunhadas em época romana.
Relativamente à ocupação sidérica do Castelo de Alcácer do Sal, as construções identificadas nas fases III e IV evidenciaram que as habitações eram formadas por paredes de adobes crus, edificadas sobre bases construídas com blocos de grés calcário do Miocénico, ligados por argila. Os telhados, formados por elementos de origem vegetal, seriam estruturados por barrotes de madeira, de que se encontraram evidências na base dos níveis de derrube.
O espolio recuperado no Castelo de Alcácer do Sal inclui ânforas do tipo 10.1.2.1. de Ramón Torres
A cerâmica de engobe vermelho de Alcácer do Sal está representada por duas formas: os pratos e as taças.

A cerâmica pintada em bandas está relativamente bem presente. A pintura, bícroma, ocorre no colo e corpo de pithoi e consta, na maior parte dos casos, de largas bandas vermelhas separadas entre si por áreas onde ocorrem linhas estreitas de cor negra. Mais raros são os vasos, também pithoi, cujas bandas vermelhas, alisadas por es-patulamento, alternam com bandas mais estreitas pintadas  de  branco.

As escavações no Castelo de Alcácer do Sal permitiram recolher um apreciável conjunto de vasos que habitualmente se englobam no que genericamente de designa "cerâmica cinzenta" em que foi possível distinguir dois fabricos distintos. A forma mais abundante de cerâmica cinzenta de Alcácer do Sal é o prato ou taça baixa de bordo convexo e espessado internamente. Mais raros são os pratos ou taças baixas de bordo largo, aplanado, e oblíquo, que surgem também em todas as fases de ocupação sidérica. Outras formas de cerâmica cinzenta foram ainda identificadas na fase III do Castelo de Alcácer do Sal, concretamente a taça carenada de bordo vertical e não espessado, a taça carenada de bordo exvertido, espessado e de perfil triangular, a taça de perfil em S, colo estrangulado e bourrelet na parte inferior de colo e o vaso de bordo espessado internamente.

A cerâmica comum fabricada ao torno é o grupo mais abundante das camadas sidéricas mais antigas, correspondendo a 50.8 % e a 56.1% do total das cerâmicas recuperadas. Do ponto de vista formal, identificaram-se taças em calote de bordo simples ou ligeiramente espessado, vasos fechados de bordo exvertido  e vasos fechados de bordo exvertido e em aba, com asa bífida que arranca do bordo.


BIBLIOGRAFÍA
ARRUDA, A.M. (1999-2000) - Los fenicios en Portugal. Cuadernos de Arqueología Mediterránea. Barcelona.
SILVA, Carlos Tavares da; SOARES, Joaquina; BEIRÃO, Caetano de Mello; DIAS, Luísa Ferrer; COELHO-SOARES, Antónia (1980-81) - Escavações arqueológicas no Castelo de Alcácer do Sal (campanha de 1979). Setúbal Arqueológica. Setúbal: Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal, 6-7, p. 149-218